A declaração conjunta foi assinada pela presidente do Brasil, Dilma Roussef e pelo presidente do México, Enrique Peña Nieto, encerrando o primeiro dia da visita presidencial ao país
Os Governos do Brasil e México assinaram na noite desta terça-feira 26/6 uma declaração com as bases para o reconhecimento mútuo da Cachaça e da Tequila, como produtos distintos, respectivamente, do Brasil e do México. O processo de reconhecimento da Cachaça no México como um destilado exclusivo do Brasil teve início, oficialmente, com a assinatura da declaração conjunta entre os dois países.
A Declaração para o Reconhecimento da Cachaça e da Tequila como Produtos Distintos do Brasil e do México foi assinada hoje á noite pela presidente do Brasil, Dilma Roussef e pelo presidente do México, Enrique Peña Nieto. Esse é o terceiro país a reconhecer a Cachaça como um destilado exclusivo do Brasil. O primeiro foi a Colômbia, em 2012, e o segundo foram os Estados Unidos, depois de mais de uma década de negociação dos produtores e do Governo Brasileiro.
As tratativas entre os dois países estavam em andamento há alguns anos, mas foi a partir de junho de 2014, com a renovação de um convênio firmado entre o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) e o Conselho Regulador de Tequila (CRT), que a movimentação em torno do processo de reconhecimento recíproco recebeu maior atenção do Governo. O resultado final deste esforço conjunto entre as entidades representativas da Cachaça e da Tequila acontece agora.
A ida de representantes do IBRAC ao México no ano passado integrou as ações do Projeto Setorial de Promoção às Exportações de Cachaça firmado entre a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a entidade. A visita teve como objetivo a realização de ações de benchmarking com a Tequila com o intuito de melhorar o trabalho de promoção e defesa da Cachaça em mercados internacionais.
O convênio com a Apex-Brasil foi renovado em dezembro de 2014 e terá duração de dois anos.
O novo Convênio prevê investimentos de R$ 1,3 milhão e conta hoje com a participação de 38 empresas, entre micro, pequenas, médias e grandes.
Ao longo dos dois anos, esse recurso será utilizado em ações de promoção da Cachaça no mercado internacional, especialmente em países prioritários do projeto: Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.
Segundo Cristiano Lamêgo, Presidente do Conselho Deliberativo do IBRAC, entidade representativa do setor produtivo da Cachaça, “a assinatura da declaração de reconhecimento é um momento histórico para a Cachaça e é o resultado dos esforços conjuntos entre o Governo Brasileiro e o setor privado”.
As exportações de Cachaça atualmente estão aquém do potencial de mercado e estima-se que apenas 1% do volume produzido é exportado. Apesar de ainda serem modestas, nos últimos 5 anos as exportações de Cachaça para o mercado mexicano cresceram mais de 611% (em valor) e 800% (em volume).
Com quase 500 anos de história, a Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, tendo como matéria-prima exclusiva o mosto fermentado do caldo da cana-de-açúcar, com teor alcoólico de 38% a 48%. Atualmente é o 3º destilado mais consumido no mundo, sendo produzido em várias destilarias espalhadas pelo Brasil.
Com o reconhecimento da Cachaça, Lamêgo acredita que as empresas aumentarão seus investimentos no mercado mexicano e isso poderá representar um bom aumento nas exportações.
O sucesso da Tequila no mercado internacional é um exemplo para a Cachaça. Enquanto em 2014 as exportações de Tequila representaram uma receita de mais de U$ 1 bi para o México, o Brasil exportou pouco mais de US$ 14 milhões do destilado exclusivamente Brasileiro.
Outro ponto de destaque está relacionado à proteção internacional. Enquanto a Tequila é protegida em mais de 46 países, incluindo a União Européia, a Cachaça está protegida em apenas dois (Estados Unidos e Colômbia). O México é a partir de agora o terceiro país a reconhecer o destilado brasileiro.
Segundo o Presidente do IBRAC, o reconhecimento da Cachaça pelo México tem um valor imensurável e impedirá o uso da denominação CACHAÇA por produtores de outros países. Cristiano também destaca a necessidade de assinatura de outros Acordos para promoção, valorização e proteção da Cachaça, como destilado genuíno e exclusivo do Brasil, a exemplo do que tem feito o México, com a Tequila e o Reino Unido, com o Scotch Whisky.
· O Brasil possui quase 2.000 produtores devidamente registrados, com 4.000 marcas.
· Estima-se que esses produtores possuam uma capacidade instalada de produção de aproximadamente 1,2 bilhão de litros anuais da bebida, porém, anualmente são produzidos aproximadamente 800 milhões de litros.
- Exportações: Em 2014 a Cachaça foi exportada para 66 países. Atualmente são mais de 60 empresas exportadoras (40 dessas apoiadas pela Apex-Brasil), gerando uma receita de US$ 18,33 milhões (10,18 milhões de litros). Comparando-se os números, em 2014, houve um aumento de mais de 10% em relação à 2013. Também houve um aumento de mais de 10% no volume, sendo exportado um total de 10,18 milhões de litros em 2014.
- Principais Regiões Produtoras: São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.
- Principais Regiões Consumidoras: São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Minas Gerais.
O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC)
O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) foi fundado em 2006 e conta com empresas e entidades de classe (seus associados), provenientes de todas as regiões produtoras de Cachaça.
A criação do IBRAC foi um grande passo para a Cachaça, pois foi o primeiro esforço setorial envolvendo micro, pequenas, médias e grandes empresas, além de entidades de classe do setor, na construção de uma entidade nacional.
O Instituto é responsável pelas ações visando à proteção e defesa, no Brasil e no Exterior, da Indicação Geográfica “CACHAÇA” e se dedica ao processo de promoção, consolidação e reconhecimento da Cachaça como um destilado genuinamente brasileiro.
Mais informações: www.ibrac.net
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