Hemangioma, que atinge 5% das crianças brasileiras, pode ter tratamento barato e simples, graças a medicamento utilizado para tratamento de doenças cardíacas

De acordo com estatísticas mundiais da International Society for the Study of Vascular Anomalies, cerca de 5% das crianças no mundo desenvolvem esse tipo de tumor nos primeiros meses de vida. 60% dos casos ocorrem na área da face e a incidência é de 3 a 5 vezes maior em bebês do sexo feminino. Estudos originados na França apontam que o Propanolol, utilizado para tratamento de doenças cardíacas e no controle da pressão alta, é um aliado eficaz no tratamento da doença.
O que fazer quando o bebezinho, que ainda nem aprendeu a falar ou engatinhar, apresentar uma mancha avermelhada na face que, gradativamente, cresce de forma rápida e muitas vezes preocupante com o passar dos meses? Pais de primeira viagem ou não, as patologias que acometem bebês e crianças sempre causam sofrimento e preocupação.
Os hemangiomas infantis são tumores benígnos formados por células endoteliais, ou seja, células que formam os vasos sanguíneos. Crescem rapidamente e apresentam regressão espontânea, que nem sempre é completa. Muitos hemangiomas podem causar problemas devido ao tamanho e a localização e devem ser tratados.
Se não tratados rapidamente e de forma correta, os hemangiomas no rosto podem causar desfiguração e interferir no desenvolvimento visual ou causar obstrução das vias aéreas, podendo até evoluir para uma necrose por insuficiência vascular. Durante o crescimento dos tumores, pode ocorrer ulceração, sangramento ou infecção local, causar muita dor e desconforto.
Esses tumores possuem um comportamento bem diferente das manchas planas avermelhadas dos recém-nascidos na área da testa, entre as sobrancelhas ou (na) nuca,
popularmente conhecidas como “Bicada da Cegonha” ou “beijo de anjo”, que sempre desaparecem rapidamente durante os primeiros meses e não aumentam de tamanho.
O cirurgião plástico Dov Charles Goldenberg, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e responsável pelo atendimento destas crianças no setor de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas em São Paulo, com mais de 10 anos de experiência na área, escreveu diversos artigos sobre a patologia. Em 2009, em um dos congressos que participou nos Estados Unidos, Goldenberg acompanhou um estudo em que foi descoberto um novo aliado no tratamento medicamentoso de hemangiomas, o Propanolol, um beta bloqueador, classicamente utilizado para tratar pessoas com doenças cardíacas, como a hipertensão arterial.
Ao utilizarem o Propranolol em crianças para tratar o aumento de pressão arterial causado por um dos medicamentos utilizados no tratamento clínico dos hemangiomas, foi observada uma redução drástica dos tumores.
Um dos poucos cirurgiões no País a tratar esse tumor em crianças, o especialista explica: “O tratamento dos hemangiomas exige um amplo conhecimento no assunto, principalmente para que se evitem tratamentos inadequados ou ineficazes decorrentes de um diagnóstico incorreto. As cirurgias ligadas à cura ou melhorias dos hemangiomas devem ser realizadas por profissionais especialistas na área”, complementa.

Como tratar?

Os hemangiomas podem se apresentar de diversas formas e tamanhos e possuem três fases de desenvolvimento. A fase inicial de crescimento proliferativa, seguida de uma fase de regressão espontânea (involutiva) e a terceira fase de equilíbrio final (involuída).
Vale ressaltar que uma vez estabilizada, (hemangioma involuído), não implica obrigatoriamente em retorno à normalidade, uma vez que no local da lesão podem restar sequelas, como tumor residual, atrofia cutânea, áreas cicatriciais, alopecia (redução parcial ou total de pêlos ou cabelos em determinada área de pele) e irregularidades de contorno.
A fase proliferativa pode atingir a criança nos primeiros 12 meses de vida e alcança, na maior parte dos casos, suas dimensões máximas ao redor de 9 a 12 meses, podendo estender até os 2 anos de idade.
Goldenberg explica que os medicamentos mais comumente receitados são o corticoide (prednisona) e o alfa-interferon, que nem sempre alcançam resultados plenamente satisfatórios. No caso do corticóide, pode haver o desenvolvimento da hipertensão arterial.
“O mecanismo específico de ação desses medicamentos não é totalmente esclarecido, podendo ocorrer respostas efetivas ou apenas uma redução na taxa de crescimento da lesão. Ambos possuem efeitos colaterais como aparência cushingóide (face arredondada), a já citada hipertensão arterial, transtorno gastrointestinais, diminuição da velocidade de crescimento, ganho de peso e neutropenia (a quantidade normalmente baixa de neutrófilos no sangue), anemia, alterações hepáticas e febre”, diz o especialista. Felizmente, grande parte destes efeitos adversos é reversível com a suspensão da medicação.
Diversos fatores estão implicados no aparecimento dos hemangiomas, como a ação hormonal, alterações nas células tronco precursoras de células endoteliais e fatores angiogênicos (estimuladores da proliferação dos vasos).
Diferente das malformações vasculares, que persistem até a idade adulta e não regridem, os hemangiomas são tumores vasculares benignos, decorrentes de distúrbios no processo da formação de estruturas vasculares de acordo com a classificação dada pela “International Society for the Study of Vascular Anomalies” (ISSVA), entidade internacional responsável por definir as diretrizes no tratamento das anomalias vasculares.

Há como prevenir?

Segundo o especialista, infelizmente não há exames laboratoriais que possam denunciar uma possível patologia nas crianças, mas os pais devem ficar atentos a pequenas lesões na pele, mesmo que pareçam insignificantes, e possíveis manchas que surgirem logo após o nascimento. “Felizmente a grande maioria dos hemangiomas não causam maiores problemas, mas devido à alta incidência na população e risco de desenvolvimento de
problemas durante o crescimento dos (tumores), os casos devem ser prontamente diagnosticados e adequadamente conduzidos,” afirma Goldenberg.

A patologia atinge o psicológico da criança e dos pais

A grande maioria dos hemangiomas tem evolução para regressão completa sem intercorrência e a melhor conduta é a expectante, caracterizada por acompanhamento medico especializado e rigoroso, documentação fotográfica seriada e apoio psicológico ao paciente e seus pais.
Em alguns casos, a evolução favorável não ocorre e aí entra o trabalho do cirurgião plástico para reduzir o volume da lesão, tratar a dor, sangramento ou infecção, restabelecer a integridade funcional e estética do paciente.
A participação de um psicólogo para orientar a família também é de grande importância. A criança sofre por não entender o que acontece, sente desconforto e medo. Os pais sentem-se culpados, injustamente, possuem pouca informação sobre a evolução da doença, e assistem seus filhos passarem por grandes dificuldades muito cedo e pela discriminação de pessoas que não sabem lidar com a aparência muitas vezes chocante.
“O comprometimento estético e a dificuldade de convívio social na presença de lesões muito visíveis e estigmatizantes muitas vezes justifica a indicação de tratamento cirúrgico”, explica o especialista.
Como a doença passou um bom tempo sem ser adequadamente classificada e com
um protocolo de tratamento padronizado, muitos pais não sabiam para onde correr. Hoje em dia, é possível observar na internet diversas mães que criaram blogs para trocar informações entre si e até mesmo desabafar preconceitos vividos.

Cirurgia estética ou reparadora?

Os procedimentos cirúrgicos indicados têm o objetivo primordial de tratar o comprometimento funcional, e estabilizar as funções em casos emergenciais. Nos casos de indicação relativa, o tratamento cirúrgico é mais indicado para lesões em áreas em crescimento com potencial desfigurante, como o nariz, lábios e orelhas. Nestes casos, o crescimento do hemangioma pode causar distorção definitiva das estruturas em crescimento e a remoção deste “efeito de massa” pode ser importante para o desenvolvimento da estrutura em crescimento.
Lesões pedunculadas e facilmente removíveis também são de indicação cirúrgica pela característica definitiva do tratamento, assim como as lesões involuídas. O tratamento cirúrgico se faz necessário para o tratamento das deformidades residuais definitivas, que somente serão reparadas com este tipo de abordagem.

Minicurrículo

Dov Charles Goldenberg é formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, é chefe de equipe do Hospital Israelita Albert Einstein, vice-presidente da Associação Brasileira de Cirurgia Crâniomaxilofacial e médico titular do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital A.C.Camargo.

Serviço
Dov Charles Goldenberg
Cirurgião Plástico e crâniomaxilofacial

FEV/2010

Vanessa Fusco
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